quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Recortes

coisas que encontro qundo me "googlo"

Critica alma&perfil Por Sérgio Druco

“Alma&Perfil” de Praso saiu em 2009 e foi justamente considerado por mim aqui no HIPHOPulsação como uma das pérolas do ano do rap nacional. Na verdade, já faz tempo que queria dedicar umas palavras a este trabalho mas a oportunidade não surgia. Hora agora de me vingar e de pagar esta dívida a mim próprio, justificando o porquê deste álbum de Praso ser um extraordinário trabalho. “Alma&Perfil” merece muito mais reconhecimento e atenção por parte dos ouvintes! Ponham-se à escuta!

Mas então o que faz deste disco do rapper de Sines algo tão especial? Bem, as excelentes rimas e os magistrais instrumentais! “Achas pouco?”, questiona Praso na «Intro» e eu sublinho esse paradigma. São raras as vezes em que batidas e letras encaixam tão bem, em que não há uma superioridade dumas sobre as outras. Nos tempos que correm, não nos podemos dar ao luxo de ignorar as palavras de alguém com o perfil e a alma de Praso: “Despejo a minha voz neste rap até ficar rouco/ E se não receber nenhum troco eu não me importo/ Porque o movimento está a ficar oco”. Hiphoppers, embora contrariar a sina vaticinada pelo rapper, de acordo?

O Bilhete de Identidade de Praso está plasmado na faixa “1,86 do céu”, que conta com um viciante instrumental. O refrão é muito bom e acentua o carácter artístico e conscencioso dele: «Prefiro morrer e renascer de novo/ Reinventar-me porque o que eu oiço já houve/ Mantenho os pés assentes no chão / Apesar de estar a 1,86m do céu». Progressiva inventividade enquanto fabricante de arte e realismo e pragmatismo na análise da sua situação. Mas acção é quem mais ordena e mesmo que a vida seja mesquinha, mais vale “sentir dor do que não sentir nada”.

O ruído sinistro da espectacular batida de “Palavras a mais” com a adição das rimas aqui expostas convencem-nos, logo ao terceiro tema, da grande capacidade artística e intelectual de Praso: “E sigo sem caminhos fáceis não tenho pressa/ O trajecto está minado de falsas promessas/ Porque muitas palavras são ditas à toa/ Jogadas como bombas a ver quem se magoa”. Quando as palavras não estão gastas, elas podem ser um sabre afiado.

Traçado o perfil acima, pelo próprio, tacteia-se, ainda por cortesia do mesmo, o seu interior: «A minha alma não se vê/ Sente-se como braille». Esta situação aplica-se igualmente ao instrumental “Blue”. Sem rimas, é a música a falar, a envolver-nos no seu sabor delicado e inspirador, deitando-nos no divã de olhos fechados a relaxar. Mais uma óptima batida de Praso!

«Dizem que não há saída» mas instrumentais e rimas desta envergadura terão obrigatoriamente que desaguar nos ouvidos das pessoas! Sem querer ser repetitivo, a batida merece uma copiosa salva de palmas e as rimas estão no ponto. Foco para o entupimento social: “Essa geração açucarada/ Que não percebe nada, não ensina nada/ Vão contagiando com esses diabetes cerebrais”; para o congestionamento do desenvolvimento humano: «Eles dizem que não há saída/ Mas pedem-te cheques para curar a SIDA»; e para a embolia mental: Porque quando não se persegue o que se ama/ Só o VISA é que desliza/ E a kiza é que lhe excita as mamas.

E que tal seria se o azar tivesse amnésia? Praso agradecia certamente: “Este jogo da vida não me deixa plantar o trevo/ E se a minha mãe não reza e a sorte me despreza/ Eu só espero que o azar me esqueça”. Ora nem mais. Se o azar nos esquecesse a todos, isso é que era bom! «Tenho o azar do meu lado/ E a sorte como embaraço». Já somos dois, Praso, já somos dois... Como homenagem ou forma de incentivar o azar a perder a memória de modo a não chatear quem quer casar-se com a sorte, Praso ensaiou um bom plano: o de fazer um instrumental de nome “Esquecimento” a ver se o azar se rende. Pelo resultado, pode ser que Praso tenha sorte e que o azar goste... E o esqueça. Ao Praso, entenda-se. É que quanto ao instrumental, esqueçam, eles é bom demais para ser ignorado.

“Últimas rimas” é, ao contrário do que se possa pensar, uma loa à criatividade, à reinvenção, à urgência de se fazer o impossível. A fina musicalidade acrescida à voz de Betty no refrão catapultam este som para os principais destaques do disco. E por estar a tocar em assuntos quentes, o que dizer do escaldante “QualquerCoisa e Um pouco DeJazz”? Erotismo, licores a escorrer por lábios, relax intenso, suscitado pelo piano e pela sensualidade que brota de cada poro desta canção. Muito bom!

“Naquele hotel” nada podia correr bem (com excepção para a perícia exibida na feitura do som, claro!) até porque se «os ponteiros encravam no relógio» o resto não haveria de ter um bom fim. Se o saxofone está triste, carpindo mágoas, imagine-se o autor do tema. Adeus mau karma, vamos dar a volta ao texto e imaginar “Se este amor fosse errado”. O lindo instrumental é enriquecido com um delicioso sample de voz e são os violinos a embalar a história. Tudo o que se faz por amor é justificável, só não se toleram é atrasos!

«Eu vou sozinho à procura do horizonte”, é a mensagem que Praso perpassa em “Ponto de fuga (got to move on)”. O desligar do mundo, a valorização de nós mesmos, o poder da superação que todos os dias temos de pôr em funcionamento. Falharemos mais do que acertaremos mas isso é “Sem ressentimentos”. Porque no meio das falhas há coisas lindas que são criadas, formas que resultam. Esse instrumental é magnífico pela liberdade que emana, por recordar o mar, a infinitude do céu, por originar sorrisos, inspirar graças ou, quiçá, por nos fazer suspirar pelo eterno recomeço na busca da alma gémea.

Quantos motivos arranjamos ao longo da vida para viver? Muitos certamente. Mas e se não encontrarmos o verdadeiro sentido, se nos for negado ou adiado? Difícil viver assim. «Fico como sou» é um tema que conta com um sample do tema “Carta Para Ti” de Madredeus e que aborda temáticas como a indefinição, a autenticidade e todas as dúvidas relativas à formação do indivíduo.

“E porque não” mais um instrumental à Praso?! Excelente! Vagabundeia-se aqui pelos rituais do amor à música, do pagamento ao artista, serpenteia-se pelo progresso artístico e pessoal, concluindo-se que o sucesso individual dos artistas resulta na coroação do próprio movimento onde eles se inscrevem, neste caso, o Hip Hop português. Nada mais acertado: o rap português e por inerência todo o Hip Hop enriquece com toda a qualidade demonstrada e oferecida por Praso. “Deus posso ser eu a julgar-te?/ Por que é que não posso fazer da minha vida só arte?”. Fosse eu que mandasse....

“Digo-vos a verdade (como feitiço)” apresenta uma batida fora do comum no universo de Praso, onde ele expõe nesta faixa tudo aquilo que pensa sobre variados assuntos, desde críticas ao pugilato verbal do rap português até à conversa insossa de muitos rappers. Sempre frontal, sem rodeios, Praso lança um feitiço que pretende que seja uma condução à verdade, numa espécie de cruzada contra tudo e contra todos. Algures até intimidades são partilhadas: “Eu faço no quarto Kama Sutra nos beats”.

Chegando ao final desta viagem por “Alma&Perfil”, apercebemo-nos que este disco é especial pelo facto de parecer ter sido feito um pouco à moda antiga do Hip Hop português. Um álbum 100% feito em casa, com muita essência e simplicidade, mas muito elegante, genuíno, cheio de bom gosto, que resulta numa vibrante e clássica peça de arte que ficará na memória do nosso rap. Parece-me um registo com uma actualidade permanente. Por outro lado, convém referir outras qualidades que engrandecem este trabalho, para além dos beats e das rimas, como o flow flutuante de Praso (a Joana Nicolau chama-lhe “flow de seda”), o trabalho gráfico respeitante à capa, a dedicação e extremo cuidado de Praso em todos os pormenores, a rectidão dele, a franqueza... De menos bom, este disco só peca por um ou outro refrão que se repete em demasia, por uma ou outra dureza de rins na tentativa de encaixar umas rimas. De resto, uma obra incontornável na discografia do nosso rap, que inscreve Praso na galeria dos notáveis do Hip Hop português.

@ http://hiphopulsacao.blogspot.com

Joana Nicolau @ Revista Freestyle

Praso
Alma & Perfil
Edição de Autor (2009)

O tempo em que um álbum editado para a net não recebia respeito e atenção já lá vai. “Alma & Perfil” é a prova perfeita disso mesmo – é um trabalho em que se reconhece empenho, muita dedicação e, acima de tudo, uma notória evolução de Praso como mc e artista.

O primeiro ponto de destaque de “Alma & Perfil” é, sem qualquer sombra de dúvidas, a vertente instrumental. Pode-se dizer com segurança que é one of a kind nas fontes onde vai beber e na forma como as trabalha de modo a criar um ambiente denso, profundo e envolvente, qualquer que seja o tema abordado. Ilustrativos da forma como o beat e as rimas se entrelaçam mencionam-se “Palavras a mais”, “Alma&Perfil” e “Espero que o azar me esqueça”.

“Dizem que não há saída” é um tema que faz festas no espírito pela forma como Praso se envolve no beat e deixa o flow de seda estender-se, consubstanciando mais um instrumento musical. “Qualquercoisa e um pouco de jazz” é das músicas mais sensuais que o rap português já viu ser editada, mas para música de amor a sério é ouvir “Se este amor fosse errado”, com Harte – o refrão está perfeito.

A “Intro” é um ressuscitar do rap nortenho, com as suas batidas marcadas e rimas preto no branco, e “Digo-vos a verdade” a prova de que Praso consegue invadir um beat repleto de sintetizadores com a mesma força de espírito com que produz temas apenas instrumentais como “Sem ressentimentos” e “Blue”.

O único aspecto a melhorar será o da construção das rimas de forma a evitar a ocasional divisão frásica que quebra com a ideia (de que é exemplo “Palavras a mais / Não fales à toa / Isso são palavras a mais / Isso soa / a jogo sujo (…)” ou “Dinheiro não traz felicidade mas / talvez ajude a trans- / -formar a vida”). De resto, um trabalho cinco estrelas.


Por: Joana Nicolau para a Freestyle

artista portoghese: PRASO

E' una manifestazione incredibile e davvero carina. E' davvero bellissimo questo mix tra sordi e udenti e , soprattutto tra musica per udenti e per sordi.
Sono qui perchè mi hanno contattato gli organizzatori, anche se non mi conoscevano. Infatti è la prima volta che lascio il portogallo. In portogallo io sono un rapper. Questo è uno degli elementi fondamentali dell'hip hop. Tutti gli "ingredienti" di questo genere sono 4: rapper, writer, dj e dancing. Ho scelto il rapper perchè mi piace la musica. Ma non ascolto un genere preciso, ma diversi. Infatti inizio la mia carriera mixando canzoni diverse e solo in un secondo momento inizio a creare le mie. Sono come tutti gli altri cantanti: prima penso le parole e poi metto su la musica.

Mag@ Magfolio Blogspot

"...Com 25 anos é um dos rappers mais talentosos do movimento nacional a sua forte capacidade de criar e de falar dos temas que estão batidos é enorme, então quando se junta Subito, Jack The Ripper e Praso certamente antes de ouvirem já sabem que sairá algo doutros tipos, ele vive cada alinha que escreve e mesmo não tendo o melhor flow da tuga será excusado dizer que é um dos melhores... Para não falar das suas produções Praso produz alias, é magico naquilo que faz e faz com garra... não deixo de não dizer que admiro a sua atitude no hiphop e mesmo não sendo um MC que socialize muito é uma optima pessoa!..."

BREVES

"(...)é por ouvir trabalhos assim que dá força para continuar a fazer e ouvir rap" Chullage

"Tá Potente" Maze

"É bom ver que o nosso hip hop ainda tem alma,tá tudo resumido a punchlines,trocadilhos..Tu não,tu trazes ar fresco,personalidade,sentimento.Obrigado" Brg